Aletp - Alessandro Temperini

Novo logo da Vale lembra, e muito, o da calçados Vitelli.

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O novo logo da Vale do Rio Doce, que passou a se chamar apenas Vale, está tendo problemas por conta da semelhança com o logo da companhia de calçados Vitelli, situada na cidade de Franca, em São Paulo.

A diretora de comunicação institucional da Companhia Vale do Rio Doce, Olinta Cardoso, tentou explicar para o pessoal do Clubeonline sobre as semelhanças entre os logotipos da mineradora e da empresa de calçados.

De acordo com Olinta, a Vale trabalha com “símbolos universais” na composição da sua logomarca. “O símbolo, um triângulo virado, como uma letra ‘V’, é comum, assim como o nome ‘Vale’. Muitas empresas carregam esse nome. Muitas outras utilizam o símbolo”, admite a diretora. “Nós não procuramos por algo exclusivo, o ‘V’ é um sinal universal”, argumenta.

Segundo a executiva, o que diferencia a Vale não é o logotipo por si só, mas toda a personalidade da marca e o trabalho de gestão de branding desenvolvido. “O símbolo tem tudo a ver com a atitude da marca. A letra ‘V’, além de remeter à Vale, faz alusão ainda à ‘vitória’, ‘valor’, atributos que se identificam com a companhia”, justifica.

Olinta diz ainda que a logomarca traz um design global: lembra um coração verde-amarelo, para destacar a origem brasileira da companhia que tem atuação no mundo. “Além disso, o verde representa o setor de mineração, remete aos vales, e o amarelo, à riqueza. O desenho todo também faz referência à cava de mineração”, explica.

Por fim, a diretora conta que a parte superior da logomarca traz o símbolo do infinito, num sinal de que a Vale atua mirando o longuíssimo prazo, contando com pesquisas com foco no futuro.

Como a empresa de calçados Vitelli atua num segmento de mercado totalmente distinto do da Vale, não há impedimento legal para a utilização dos logotipos semelhantes.

E tudo isso por módicos US$ 50 milhões que serão investidos nos próximos quatro anos para alterar todos os logotipos e nomes da empresa ao redor do mundo.

Update: Conforme informado pelo Armando Fontes do blog designGráfico, a Vitelli acionará judicialmente a Vale. Inclusive ontem, dia 04/dez, a Vitelli Calçados completou 5 anos do pedido de registro da marca sob o número 825.079.721. O registro foi feito pela Vilage Marcas e Patentes.

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  • POR UM POUCO DE INTELIGÊNCIA

    Profissional da área de marcas desde os anos 80, não posso me furtar a uma opinião:

    Um anônimo? Ele criou uma marca numa cidade do interior paulista para uma pequena empresa de calçados. Ele(a), ou eles(as), deve(m) ter gostado da sua obra. Mas ninguém jamais sonhou que ela ganharia tanta notoriedade. A marca é tosca, rústica, mal proporcionada. Mas está referendada por um produto nobre como a marca da Vale.

    O que isto demonstra? Que existe muito talento escondido no Brasil! Volto a falar disso no final.

    A marca da Vale, convenhamos, é uma beleza em termos de design: é suave e, ao mesmo tempo, vibrante e inspira novidade. Já entraram no site da Cauduro-Martino, ou da Lippincott-Mercer? Essas empresas simplesmente criaram algumas das mais importantes marcas históricas do país (Banespa, Natura, Lojas Riachuelo, MRN, só para citar alguns exemplos), e do mundo. Têm background de sobra.

    Seus profissionais estão entre os melhores do mercado mundial. O mundo do design deve muito a eles.

    A Lippincott-Mercer é uma das escolas de branding mundial da atualidade. Muitos designers de diversas partes do mundo gostariam de trabalhar lá.

    O design brasileiro deve muito ao corajoso, valente, batalhador e persistente arquiteto e urbanista brasileiro João Carlos Cauduro – um dos homens que revolucionaram o design de marcas nas décadas de 70 e 80. Basta dizer que ele é doutor em arquitetura pela FAU. Muitos designers não teriam emprego hoje se não fosse por pioneiros como o João. O trabalho dele merece respeito. Apenas isso: respeito.

    Eles têm ciência suficiente para demonstrar a qualquer designer, de qualquer lugar do mundo, a qualidade da marca que produziram com os americanos, a despeito do que muitos “entendidos” querem forçadamente fazer crer (que ela é tecnicamente ruim, pouco criativa etc). Deixem a dor de cotovelo de lado. No fundo, todos nós gostaríamos de ter ganho essa concorrência.

    Não se trata de gostar ou não gostar. De achar que está bom ou ruim. Isto é primário!

    É preciso entender que não se pode alegar que uma marca seja boa ou ruim (sim, existem as péssimas, mas estas eu as excluo), sem que se avalie qual é o núcleo de posicionamento e os atributos dessa marca.

    Esses statements são a ponte entre as manifestações estratégicas do negócio e a iconografia da marca.
    Não são coisas distintas: são uma só coisa representada em dimensões distintas. Por isso, não se pode avaliar a qualidade de uma marca, sem antes se dar ao trabalho de pesquisar minimamente o universo da marca.

    Não se pode comparar uma importante e vencedora marca do mercado financeiro, com uma empresa regional de calçados (sem nenhum demérito!) e uma corporação global do setor minerário. Simplesmente porque as marcas não são comparáveis entre si, não querem e não devem transmitir a mesma coisa para os mesmos targets.

    Não se comparam marcas, como não se comparam pessoas. As duas coisas são gafes feias e denunciam ou a ignorância, ou o preconceito. Marcas têm valor intrínseco.

    Marcas mundiais, todas elas, sem exceção, tiveram comparações em diversas partes do mundo, com outras marcas – normalmente de empresas pequenas que já funcionavam havia algum tempo. Mas há casos realmente espantosos de marcas em um mesmo setor que se assemelham grandemente. A história do design mundial está repleto de casos como estes.

    Poucos designers conseguem entender isso, mas duas marcas tão estudadas, tão conhecidas, e aparentemente tão distintas como a Pepsi e a Coca-Cola, guardam requintes técnicos de design absolutamente idênticos. Imperceptível? Sim, para quem não tem profundidade técnica de conhecimento e não imagina o quanto de ciência há por trás do design, onde o velho ditado: “Nos detalhes reside toda a diferença”, alcança sua máxima expressão.

    Profissionais sérios e competentes como os da Cauduro-Martino e Lippincott-Mercer, profissionais do naipe dos profissionais da Vale jamais se entregariam ao ridículo do plágio. Por uma razão muito simples: não precisam.

    Entrem no site da Vale, conheçam a proposta da empresa e, depois, analisem o que a iconografia da marca expressa. Na minha avaliação há coerência. Posso não gostar desse ou daquele detalhe. No fundo a gente acha que sempre faria melhor… Mas devo ser honesto: está coerente. E boa, muito boa mesmo.

    Vamos e venhamos: a Vitelli deu uma sorte inacreditável. Vai vender sapatos como nunca, neste final de ano. A Vale, bem … acredito que para uma empresa desse porte, acostumada a lidar com questões mundiais, isto não deva ser um grande problema.

    Esses executivos de empresas como Petrobrás, Gerdau, Bradesco, Real, Vale etc, normalmente, têm muito mais coisas para fazer. Nas mãos de executivos como esses repousam decisões que podem definir milhares de empregos e alguns bilhões a mais ou a menos na balança comercial brasileira. Outra coisa: graças a essas grandes organizações nacionais, a educação, a saúde e o desenvolvimento regional ainda não faliram definitivamente no país.

    É preciso saber respeitar as instituições privadas, algo sem muito referencial no Brasil. Devemos ser implacáveis com organizações lesivas de qualquer modo à sociedade. Mas o que é de um país sem empresas fortes?

    O lançamento da primeira marca global do Brasil é algo para entrar nos anais do design brasileiro. Uma empresa de U$ 170 bilhões, com 100 mil empregados que se afirma “brasileira” diante do mundo todo não sabe o que está fazendo? (A marca alcançou em menos de uma semana após o lançamento, segundo a Interbrand,
    o sétimo lugar em valoração no Brasil: R$ 2,8 bilhões.

    Segundo os jornais divulgaram, será um investimento de US$ 50 milhões em quatro anos. E a marca já Vale R$ 2,8 bilhões (US$ 1,5 bi), em uma semana. Não acho que a Vale tenha feito um mal negócio, concordam?

    Por que ao invés de propagarem a ignorância e a necessidade de dizer que se sabe alguma coisa, alguém não propõe algo verdadeiramente honesto e efetivo?

    Exemplo bobo, simples: porque a Vitelli e a Vale não descobrem os criadores e patrocinam um bom curso de design para eles? Há talento visível no trabalho da Vitelli. Mas há muita técnica a ser aprimorada ainda. O design ainda é pesado, maçante, sem a menor condição de comparar-se às sutilezas muito bem sacadas da marca da Vale. Mas daí pode sair um novo João Cauduro.

    Por que os jornalistas e blogueiros não vão atrás desse personagem? Sabe o que pode sair daí? Uma história muito bonita. Agrega muito mais do que essa discussão enfadonha e desinformada que denuncia o quanto temos de caminhar no ramo do design no Brasil.

    C.A.S. – S. Paulo.

  • Interessante,li o comentário do publicitário C.A.S. e percebi
    sua defesa do logotipo. Esse pessoal da publicidade não admite,
    que foram infelizes ao criar esta marca.por sinal linda!.A net
    está de olho.E a defesa da Diretora?. como é mesmo o nome da
    quele besterol que fala um monte de merda,e que no final queria dizer: nada.