
“Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã”, de Yuval Noah Harari, é uma continuação instigante de “Sapiens“. O livro, escrito em 2015, 4 anos após “Sapiens”, foca no futuro da humanidade, explorando o que pode acontecer quando superarmos as grandes ameaças do passado e passarmos a buscar a imortalidade, a felicidade e a divindade.
Harari argumenta que, ao longo da história, a humanidade lutou para superar três problemas principais: fome, peste e guerra. Embora ainda existam, ele afirma que não são mais desafios incontroláveis, mas sim problemas gerenciáveis. Agora que temos a capacidade de lidar com eles, a nossa nova agenda pode ser o aperfeiçoamento de nós mesmos.
As principais ideias do livro podem ser resumidas em quatro grandes partes:
1. A Nova Agenda Humana
Harari começa mostrando como a busca por imortalidade, felicidade e divindade está se tornando o novo “motor” da civilização. Ele sugere que, no futuro, a morte será vista como um problema técnico a ser resolvido, a felicidade será manipulada quimicamente e os humanos poderão se aprimorar através da biotecnologia, transformando-se em uma nova espécie, o “Homo Deus”.
2. O Antropoceno: O Mundo como Nós o Criamos
Nesta seção, o autor revisita a história para entender como chegamos a esse ponto. Ele discute o humanismo, a ideologia que colocou o ser humano no centro do universo. O humanismo, em suas diversas formas (liberalismo, socialismo), nos deu o poder de moldar o mundo e de acreditar que somos a fonte de significado e autoridade. Harari sugere que o humanismo foi o estágio necessário para o nosso salto tecnológico atual.
3. A Separação entre Inteligência e Consciência
Esta é a parte central e mais provocadora do livro. Harari explora o crescimento exponencial da inteligência artificial (IA) e o Big Data. Ele argumenta que, no futuro, a inteligência (a capacidade de resolver problemas) pode se separar da consciência (a capacidade de sentir e experimentar). A IA pode se tornar mais inteligente que os humanos em muitas áreas, sem ter consciência.
Ele prevê o surgimento de um “dataísmo”, uma nova religião ou filosofia que vê o universo como um fluxo de dados e o valor da vida como a capacidade de processar esses dados. Se o Big Data e os algoritmos puderem tomar melhores decisões para nós do que nós mesmos, a autoridade e o poder podem passar das mãos dos humanos para os algoritmos.
4. O Futuro da Humanidade
Harari nos deixa com uma visão de um futuro em que a maioria dos humanos pode se tornar “inútil” para a economia e o exército, pois a IA e os robôs assumirão a maioria das tarefas. Ele levanta a questão de o que faremos com as pessoas que não são mais necessárias para o sistema. Ele também sugere a possibilidade de que uma pequena elite de “super-humanos” geneticamente aprimorados e ciberneticamente conectados possa se diferenciar do restante da população, criando uma nova espécie.
Conclusão
“Homo Deus” é uma exploração ousada e muitas vezes assustadora do nosso potencial futuro. Harari nos convida a pensar sobre as implicações de buscar a imortalidade e a felicidade através da tecnologia e nos desafia a refletir sobre o papel da humanidade em um mundo dominado por dados e algoritmos. O livro é um alerta sobre os riscos e as oportunidades de nos tornarmos “deuses”, nos forçando a questionar o que realmente valorizamos e o que significa ser humano.
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