
“Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”, de Yuval Noah Harari, é uma jornada fascinante que explora o que nos tornou a espécie dominante no planeta. O livro, escrito em 2011, não é apenas uma aula de história, mas uma reflexão profunda sobre o que é ser humano e como chegamos até aqui.
Harari divide a história de Homo sapiens em quatro grandes revoluções:
1. A Revolução Cognitiva (Cerca de 70.000 anos atrás)
Nesta parte, Harari argumenta que o verdadeiro “salto” da nossa espécie não foi físico, mas sim cognitivo. A chave para nosso sucesso foi a capacidade de pensar e comunicar sobre coisas que não existem na realidade material, como deuses, nações, dinheiro e corporações. Ele chama isso de ficção compartilhada. Essa habilidade permitiu que grandes grupos de sapiens cooperassem de forma flexível, algo que outras espécies não conseguiram. Isso nos deu uma vantagem decisiva sobre outros hominídeos, como os neandertais.
2. A Revolução Agrícola (Cerca de 12.000 anos atrás)
Harari descreve a revolução agrícola não como um avanço óbvio, mas como a “maior fraude da história”. Em vez de melhorar a vida dos humanos individualmente, a agricultura nos prendeu a um ciclo de trabalho mais duro, doenças e maior dependência de poucas culturas. No entanto, ela permitiu que a população humana crescesse exponencialmente, criando as primeiras aldeias, cidades e, eventualmente, impérios. O trigo e o arroz, por exemplo, “domesticaram” os humanos, e não o contrário.
3. A Unificação da Humanidade (Últimos 3.000 anos)
Com o surgimento de impérios, moedas e religiões universais, como o budismo e o cristianismo, a humanidade começou a se unificar cultural e economicamente. Harari explica como a ideia de um único dinheiro e a crença em deuses que governam todo o cosmos ajudaram a romper as barreiras tribais. Ele destaca que o dinheiro é a forma mais bem-sucedida de ficção compartilhada, pois todos, independentemente da cultura ou religião, confiam em seu valor.
4. A Revolução Científica (Últimos 500 anos)
Esta é a fase mais recente e a que nos trouxe ao mundo moderno. Harari mostra como a ciência, ao reconhecer a ignorância e buscar o conhecimento através da pesquisa e da experimentação, impulsionou o progresso tecnológico. A ciência, o imperialismo e o capitalismo se uniram para criar o mundo em que vivemos hoje. Ele argumenta que o capitalismo é a força motriz por trás da exploração científica e da globalização, prometendo que, ao investir no presente, o futuro será melhor.
Conclusão
No final, Harari nos deixa com uma pergunta inquietante: apesar de todo o nosso poder e progresso, somos mais felizes do que éramos antes? Ele questiona se o nosso sucesso como espécie se traduziu em bem-estar individual. Além disso, ele levanta a possibilidade de que, em breve, a própria espécie Homo sapiens possa ser substituída por uma nova forma de vida, talvez aprimorada por biotecnologia e inteligência artificial, que ele explora mais a fundo no livro “Homo Deus”.
Em essência, “Sapiens” é um convite para olhar para a nossa história com uma nova perspectiva, questionando as narrativas que aceitamos como verdadeiras e nos fazendo refletir sobre o futuro que estamos construindo.
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