Não é qualquer fabricante de motocicletas que pode ostentar, apesar de sete anos de interrupção, mais de um século de história. Produzindo motocicletas sofisticadas que aliam o elegante design à tecnologia de ponta, a britânica TRIUMPH possuí um mix de produtos bastante diversificado que atende a todos os fãs das motocicletas top de linha, que exigem status, performance, conforto e elegância.
A história
A tradicional TRIUMPH foi fundada pelos alemães Siegfried Bettmann e Maurice Schulte em 1886 na cidade de Coventry na Inglaterra com o nome de Triumph Cycle Company. O empresário, que até então comercializava máquinas de costura, ficou impressionado com o aumento da frota de bicicletas naquele país e resolveu entrar no novo negócio. Bettmann deu o nome de TRIUMPH às bicicletas que vendia, por ser um nome de fácil assimilação em toda a Europa. Somente em 1902, com a evolução da tecnologia, começou a produção de motocicletas. Esses modelos eram primitivos para os padrões de hoje: o veículo de duas rodas nada mais era que uma bicicleta com estrutura reforçada, equipada com um motor de combustão interna do fabricante belga Minerva, com 2,25 hp de potência, que ficava alocado na parte dianteira do quadro. Somente três anos depois a TRIUMPH iniciou a fabricação de seus próprios motores. Em 1907 a marca já produzia mil unidades por ano.
A marca ganhou popularidade rapidamente por um motivo: em pleno Fordismo, enquanto os engenheiros de outros fabricantes se preocupavam com a produção em larga escala, Mauritz Schulte, que era responsável pela engenharia da marca, procurava aprimorar e desenvolver novos mecanismos para as motocicletas. Essa política, em poucos anos, possibilitou o lançamento de outros modelos de excelente qualidade e tecnologias modernas para a época, como a partida a pedal. Durante a 1ª Guerra Mundial, o governo da Inglaterra designou à Triumph a missão de equipar o exército britânico e as forças Aliadas. Cerca de 30.000 motocicletas da marca foram utilizadas para levar os soldados ao fronte de batalha. Devido à Grande Depressão, os anos 20 foram muito difíceis para a TRIUMPH. Por esse motivo, a marca começou a produzir motocicletas “populares”, como a Modelo P, que tinha 494 cilindradas e custava apenas 42 libras. Foram comercializadas 20 mil unidades desse modelo. Nesse período de sua história, a TRIUMPH passou a fabricar até mesmo automóveis, o que dividiu a empresa em Triumph Motor Co. (automóveis) e Triumph Cycle Co. (duas rodas) na década de 30.
Em 1937, sob o comando de Jack Sangster, a divisão de motocicletas lançou um modelo que se tornaria um ícone anos depois: a Speed Twin, conhecida também como Tiger 100. Esta motocicleta atingia 160 km/h, fato que a Honda, por exemplo, só iria conseguir em 1969, com a CB 750. Durante a Segunda Guerra Mundial, mais uma vez, o governo britânico requisitou praticamente todas as motocicletas fabricadas pela marca e, apesar da fábrica de Coventry, ter sido destruída nos bombardeios nazistas de 1941, a produção manteve-se durante a guerra, primeiro em instalações temporárias em Warwick, e posteriormente na nova fábrica em Meriden, cidade localizada no centro da Inglaterra. Os anos 40 também marcaram a entrada da TRIUMPH nos Estados Unidos, algo que ocorreu após os norte-americanos terem se impressionado com o desempenho da Speed Twin (T100). Embora bem recebidas por europeus e americanos, as motocicletas TRIUMPH só ganharam fama em 1953, quando o modelo Thunderbird (lançado em 1950), de dois cilindros, foi pilotado por Marlon Brando no filme O Selvagem. Outros dois filmes imortalizaram a marca: Fugindo do Inferno (1963) com Steve McQueen Missão Impossível 2 (2000) com Tom Cruise.
Durante a década de 50, a Inglaterra dominou o mercado mundial de motocicletas com diversos modelos famosos, entre eles o Triumph Bonneville (introduzido em 1959). Este modelo se tornou um ícone da marca britânica. A história deste mítico modelo começou em 1954, quando o piloto Johnny Allen bateu o recorde de velocidade em uma motocicleta. A bordo do protótipo de uma T110, de 649 cilindradas, ele atingiu 343 km/h na pista de Bonneville Salt Flats. Cinco anos mais tarde, a TRIUMPH adiciona um carburador duplo à T110 e realiza um ajuste fino no motor. Nascia desta maneira a mais famosa motocicleta da marca de todos os tempos, a T 120, que foi batizada de Bonneville, em comemoração ao feito de Allen.
Em 1969, a TRIUMPH atingiu o pico máximo de produção, com cerca de 46.800 unidades por ano. Na década de 70, assim como outras marcas britânicas como Norton, BSA e AJS, passou a sofrer forte concorrência das japonesas, levando-a a encerrar suas atividades em 1983. Sete anos depois, no Salão de Birmingham, o orgulho inglês era recuperado com o retorno da marca. John Bloor, empresário do ramo imobiliário, havia assumido a empresa e relançava a marca TRIUMPH. Nada de manchas de óleo na garagem: as novas motos eram tão belas, modernas, eficientes e confiáveis quanto uma boa japonesa. Ao ressurgir, a marca começou pelos modelos Trident, Trophy e Daytona, de 750 a 1.200 cm3, que utilizavam o mesmo quadro e motores modulares. Eram medidas de contenção de custos aceitáveis para uma marca que recomeçava do zero. Em 1997 eram introduzidas a Daytona (cujo nome é uma alusão às “24 Horas de Daytona”, uma das mais tradicionais e disputadas provas do automobilismo mundial, que ocorre anualmente nos Estados Unidos) e a Speed Triple, que indicavam a decisão da TRIUMPH de concorrer com os nipônicos no território das superesportivas.
Em 2001 um novo passo foi dado com o lançamento da Bonneville America, equipada com um motor bi-cilíndrico de 800 cm3, destinada ao concorrido mercado americano. Depois de passar décadas praticamente no ostracismo, nos últimos anos a Triumph mudou radicalmente. Apresentando uma série de produtos tecnicamente avançados nos últimos anos, os ingleses conseguiram rivalizar com as principais concorrentes em todas as categorias que atuam. O melhor exemplo disso é a Daytona 675, que venceu diversos comparativos mundo afora contra as (até então imbatíveis) japonesas.
Com as publicações especializadas mostrando as qualidades dinâmicas e as revendas oferecendo atrativos econômicos, os clientes se interessaram e as vendas começaram a crescer. Um dos modelos desta “nova geração” Triumph é a Tiger 1050. Esta maxitrail também aderiu de vez à “nova” tendência do segmento, isto é, praticamente renunciou a qualquer aptidão off-road para focar-se, unicamente, em uma utilização 100% on-road. Se isso pode desagradar aqueles que não abrem mão de incluir trechos de terra nos seus passeios, quem utiliza a moto apenas no asfalto (por sinal, a maioria) não tem motivos para reclamar.
A linha do tempo
1997
• Lançamento da SPEED TRIPLE, versão da DAYTONA sem carenagem e com guidão mais elevado, marcando o ingresso da TRIUMPH no segmento de superesportivas.
1998
• Lançamento da SPRINT ST, modelo que definitivamente colocou a marca na rota da curiosidade (e das preferências) dos Sport-touring (motos com motores potentes, mas com uma posição de pilotagem mais confortável).
1999
• Lançamento da DAYTONA 955i, uma superesportiva diferenciada, de alto desempenho, que permitia ao seu piloto usufruir 100% da sua potência, ao contrário de algumas outras motos da sua categoria. Uma das características mais destacadas do modelo, que garante ao seu piloto conforto e equilíbrio na condução, é a curva linear de torque do motor, que lhe proporciona um desempenho excepcional em baixas e altas rotações. Esta versatilidade é fruto da tecnologia empregada em seu motor, com três cilindros, uma exclusividade da marca TRIUMPH em relação às demais superesportivas disponíveis em todo o mundo.
2000
• Reintrodução do modelo BONNEVILLE, depois de 15 anos de ausência em sua linha de produtos.
2001
• Introdução em comemoração ao centenário da marca do modelo BONNEVILLE AMERICA, que em 2003 passaria a ser chamada apenas de AMERICA. O modelo, com motor bi-cilíndrico de 800 cm3, era destinado ao concorrido mercado americano.
2003
• Lançamento da ROCK III, uma enorme motocicleta equipada com motor 2.3 (equivalente à capacidade volumétrica de mais de dois carros populares), que fornecia 140 cv a 5.750 rpm, e 362 kg de peso a seco. O modelo assombrou o mundo pelo tamanho, que indicava uma utilização longe dos centros urbanos, onde fatalmente ficaria encalhada no trânsito, como um navio de rodas. Por outro lado, estaria totalmente à vontade nas estradas. Curiosamente, a Rocket III, que atraiu compradores como o ex-piloto de Fórmula 1 Michael Schumacher, chegou sem pára-brisa e bolsas laterais para viagens, cacoetes próprios das estradeiras, que tinham que ser instalados como opcionais.
2003
• Lançamento da THRUXTON 900, motocicleta de linhas retro com tecnologia atual e comportamento esportivo, além de ser uma legítima representante do segmento batizado de “café racer”. Trata-se de um termo adotado nos anos 60 para classificar os modelos com performance superior, muitas vezes com alterações no motor e no visual feitas pelos próprios donos. É que, naquela época, era comum ver turmas reunidas em frente aos cafés das grandes cidades da Inglaterra, para um bate-papo. Só que com o espírito competitivo e adrenalina misturados, além de pouco juízo, saíam de lá em disputas, medindo forças. Passados quase 50 anos, o termo ficou e vai ganhando uma freguesia cada vez maior. Para batizar o novo modelo e homenagear toda uma geração, a TRIUMPH escolheu o nome do famoso autódromo de Thruxton como inspiração.
2006
• Lançamento da DAYTONA 675, uma superesportiva que arriscou a reputação da engenharia da montadora inglesa, já que estava inaugurando uma categoria inédita, fora dos padrões habituais. Para começar, não tinha nem dois, nem quatro, mas três cilindros em linha. Em segundo lugar, não era nem uma 600, nem uma 750 (as famosas sete galo), ficando no meio do caminho, com um motor de 675cm³. O modelo foi aprovado nas ruas pelos consumidores, se tornando um verdadeiro sucesso.
• Lançamento da SCRUMBLE, modelo urbano com linhas retrôs e de cilindrada mais baixa: 865 cc. Inspirada em modelo dos anos 50, a motocicleta foi lançada no filme Missão Impossível 3.
2009
• Em comemoração aos 50 anos de uma de suas motocicletas de maior sucesso em todo o mundo, lançada em 1959, a marca britânica fabricou uma série especial e limitada, restrita a apenas 650 unidades, do modelo Bonneville, com o cuidado de preservar algumas características originais, mas empregando tecnologia atualizada.
• Lançamento da THUNDERBIRD, quarta moto a ostentar esse nome na história da TRIUMPH. Desenvolvida para combinar estilo e performance, a motocicleta incorpora um espírito mais autêntico e exclusivo. O motor é o novo 1.599cc com injeção eletrônica de combustível, com a mudança de 6 velocidades capaz de desenvolver cerca de 80 cv.
A evolução visual
O logotipo da TRIUMPH passou por várias modificações ao longo de sua história. O primeiro logotipo oficial, de 1902, era uma espécie de escudo. Somente em 1907 surgiu o tradicional logotipo com a assinatura TRIUMPH. Depois de algumas alterações, em 1934 surgiu o tradicional logotipo com a letra R esticada. Nos anos seguintes o logotipo sofreu pequenas alterações, adotou oficialmente a cor azul em 1990, e finalmente em 2005, foi modernizado assumindo sua identidade visual atual.
Os slogans
Go your own way.
The Best Motorcycle in the World.
Trusty Triumph. (1910)
Dados corporativos
• Origem: Inglaterra
• Fundação: 1886
• Fundador: Siegfried Bettmann e Maurice Schulte
• Sede mundial: Hinckley, Leicestershire, Inglaterra
• Proprietário da marca: Triumph Motorcycles Ltd
• Capital aberto: Não
• Chairman: John Bloor
• CEO: Tue Mantoni
• Faturamento: US$ 450 milhões (estimado)
• Lucro: US$ 25 milhões (estimado)
• Vendas globais: 50.000 unidades
• Presença global: 38 países
• Presença no Brasil: Sim
• Funcionários: 3.500
• Segmento: Motocicletas
• Principais produtos: Motocicletas e acessórios
• Ícones: O modelo Bonneville
• Slogan: Go your own way.
• Website: http://www.triumph.co.uk/
A marca no mundo
Com mais de 100 anos de história, a fabricante TRIUMPH está presente em mais de 35 países. Designada como marca premium, é uma empresa de capital fechado e tem 9 modelos em sua linha de modelos, sendo o menor deles com motorização de 675 cm3. Com forte atuação em países como Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Itália, Alemanha, Japão, Suíça, Suécia, França, Bélgica, Holanda e Japão, a TRIUMPH comercializa aproximadamente 50 mil unidades por ano. Equipada com tecnologia de ponta, a TRIUMPH tem à sua disposição uma das mais modernas, senão a mais moderna fábrica de motocicletas do mundo. O Triumph Owners Motorcycle Club (clube de proprietários de motocicletas da marca), fundado em 1949, tem hoje em dia.
Curiosidade
• A TRIUMPH também produz uma enorme quantidades de roupas e acessórios para seus ávidos motociclistas.
Via Mundo das Marcas [Ctrl C + Ctrl V]. Texto de Kadu Dias.
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