Aletp - Alessandro Temperini

Afinal, o que é o estilo Supermotard?

Nos anos 70, surgiu uma questão bem interessante: Quem é o melhor piloto de Motos do Mundo? Para se avaliar isso de maneira justa, uma nova categoria foi criada, um tipo de “olimpíada” onde pilotos de todo o Mundo correriam numa série de provas.

Os pilotos vinham de diversas categorias, DragRacing, Dirt Track, Cross, Motovelocidade, etc.

Os traçados seriam um misto de TUDO!! Asfalto, terra, jumps, e o piloto não poderia trocar de Moto, ou seja, usar a mesma moto para andar em todas os traçados. A diversidade de motos foi aparente, haviam BSA contra Yamahas TT 500 e outras máquinas de cross. Entre os participantes haviam nomes de peso como Kenny Roberts (o pai do campeão das 500cc Kenny Roberts Jr.) e Freddie Spencer (bi-campeão Mundial das 500cc). O evento foi vencido por Kent Howerton numa Suzuki RM 370.

O formato de várias pistas acabou não agradando e no ano seguinte passou-se a usar um único tipo de traçado, mas com características de todos os tipos de pista, ou seja, o circuito teria uma parte de terra, asfalto, jumps, etc. O circuito escolhido foi o de Carlsbad, na Califórnia, e foi construído seguindo as orientações de um piloto local, um tal de Eddie Lawson (três vezes campeão do Mundo nas 500cc) e a categoria passou a se chamar Superbike.

A escolha das motos era aberta, sendo as cross de 500cc as preferidas. A Harley Davidson investiu forte na nova categoria com sua XR 750, que era imbatível nas retas asfaltadas, mas perdia feio para as cross nos jumps e curvas de terra. O grande incentivo da categoria era a rede de TV americana ABC, que cobria as provas ao vivo, até o fim de 1986, onde a rede deixou de transmitir e patrocinar a categoria, que acabou chegando ao fim.

Mas nem tudo estava perdido, pois a idéia se espalhou pelo mundo, e na França ela ganhou muita força, tendo sua base totalmente reestruturada, e o nome passou a ser Super Motard (Super Motociclista).

Em comparação com a categoria original surgida na Califórnia, as mudanças se basearam nos seguintes princípios: Diversão e Adrenalina a baixo custo.

Foram escolhidas motos estilo Off-road (cross e enduro) de variadas cilindradas e motores, com pneus e rodas de motos street (aros e pneus de 17/18 polegadas).

A escolha pelas motos off-road se deve ao fato de serem máquinas mais baratas que as super esportivas, além de terem uma manutenção bem mais simplificada e acessível.

As provas eram um show a parte, onde as constantes derrapagens e ruídos de pneus cantando, faziam a alegria dos entusiastas, que passaram a modificar suas motos também. A nova categoria foi um sucesso em vários países da Europa, que passaram a organizar suas provas também.

A grande vantagem estava no fato de não precisar de um autódromo para sediar as etapas, diminuindo mais os custos, pois as provas eram realizadas geralmente em kartódromos ou kart indoors.

Em 1997 a categoria já era conhecida por todo o Mundo como Super TT.

Anualmente, se disputa uma prova especial chamada “Guidon Dór” (Guidão de Ouro), na França, onde os melhores pilotos de Super Motard de todo o mundo disputam uma frenética e sensacional prova num circuito fechado em Paris. Hoje o sucesso das Super Motards é reconhecido, tanto que no último Salão de Milão, pilotos mundialmente conhecidos como Biaggi, Bostron, Checa, Bayliss, foram convidados a participar de 2 corridas de Motard no estacionamento do Salão.

A grande influência desta nova “raça” de motocicletas passou a ser encarada com tanta seriedade, que grandes fabricantes de motos de enduro (KTM, Husqvarna, Husaberg e Beta) já fabricam regularmente modelos de Motards para venda ao público. Segundo se comenta, as grandes fábricas, adotaram as “fun bikes” para seguir a mesma linha, pois basta ver uma moto estilo “fun bike” para ver as semelhanças de estilo com as “Super Motards”

Uma Supermotard é uma moto de Cross, Enduro ou Trail otimizada para a performance no asfalto. Essas motos mantém contudo suas características de base:
• Peso baixíssimo (comparado com superesportivas).
• Geometria do quadro garantindo agilidade em circuitos travados, curvas de raio pequeno e mudanças de direção rápidas.
• Motor monocilindro tem inércia (peças em movimento) muito menor que um motor multicilindro. Isso permite que você possa deitar a moto de um lado para o outro muito mais rapidamente. Isso permite fazer alterações de trajetória muito mais rápido que numa moto multicilindro.
• Suspensões de curso longo, permitindo saltos e conforto em pisos deteriorados.

Para aproveitar o maior coeficiente de atrito do asfalto, nada melhor do que montar pneus adequados (os das superesportivas) que por serem mais largos e de perfil baixo, aumentam estupidamente a área de contato com o solo. Para montar estes pneus, é necessário o uso de aros mais largos do que os aros originais das motos Cross, Enduro e Trail.

Anos de desenvolvimento no exterior nesta categoria, com pilotos profissionais patrocinados por fábricas, mostram que para motos potentes (Cross 250cc, 2 tempos ou 4 tempos de 400 ou 600cc) os aros 17″ na frente com a largura de 3.50 e na traseira com a largura de 4.25 são muito superiores aos aros/pneus mais finos montados de fábrica. A largura máxima dos pneus depende do espaço entre os garfos e balança, mas em geral são algo como 120/70 (dianteira) e 150 ou 160/60 (traseira).

Detalhe: Para motos de pequena cilindrada nacionais (de DT’s até a Falcon 400cc) é possível utilizar tanto na dianteira como na traseira, o aro traseiro da XT 600 (largura 2.50). Para ficar “o bicho” coloque na dianteira o aro 2.50×17″ (XT600 traseira) e um 3.50×17″ na traseira (importado) .

Para motos mais potentes (importadas 2 tempos 125cc ou 250cc, e 4 tempos 400cc pra cima) é preciso pneus e aros mais largos: dianteiro 3.50×17″ e traseiro 4.25×17″, com raios adequados (ainda não fabricados no Brasil).

Agora, com pneus para acelerar mais forte e fazer curvas mais rápido, que tal frear em menos tempo ou numa distância mais curta? Para fazer a curva na frente, tem que frear mais tarde. Já que os pneus são mais eficientes, o momento é de adequar o freio dianteiro a este aumento de aderência que o pneu mais largo proporciona. O segredo é montar um disco de maior diâmetro e um conduit aeroquip.

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    • São várias, inclusive revistas impressas. Cito quando são até 3 e não cito quando são mais de 3 ou de material enviado pela própria empresa/fabricante.

  • valeu, aprendi muito , sobre o estilo que pretendo adotar, ja uso as motos on/ of a algun tempo, porem as motards me fazem a cabeça, e sei que elas vão invadir o brasil, até mais que o estilo americano das custon, que não combinam em nada com nossas estradas esburacadas e cheias de curvas.

  • Boa tarde, gostaria de saber se tem como colocar rodas da hornet com pneu 160 em uma falcon, kero deixar muito irada mas tenho medo de comprar e não dar certo,
    Marcos RS

  • Infelizmente, o estilo não pegou aqui… Seria ideal, como escreveu o
    Mauro, para as nossas ruas; e são a cara de São Paulo e seus “cachorros
    loucos”… As montadoras até sondaram o terreno, a Yamaha com a
    belíssima XTZ 250X e a Kawazaki com a D-Tracker 250, verdadeira SM; além
    dos canhões (no sentido de potente, não de mulher feia) da Husqvarna, a
    SM 510 e 610… Nem conto as descartáveis chinezas, como a Sundowm STX
    200 SM ou a Kasinski CRZ 150 SM, estas duas últimas que só tem beleza e
    nenhuma durabilidade…

    Com excessão da Sundowm, todas venderam pouco, talvez porque nós somos
    um povo acomodado e indolente, e SM lembra condução agressiva e tomada
    de decisões; por isso o burguês brasileiro prefere as custons: é o que
    mais lembra uma suntuosa liteira, mas sem os escravos…

    Só nos restou, como opção de fábrica, a insonssa XTZ 125X e seus pálidos 10cv…

    Resta a nós, amantes do estilo e da condução agressiva, tranformar as
    nossas trails ou recorrer aos modelos originais SM usados, que
    infelizmente não existem mais 0km…

    Ps-Lembram da belíssima Yamaha MT-03? (fracasso no Brasil) considero a
    moto mais “bandidona e bela” já concebida por uma mente humana!